Hoje
07 de fevereiro de 2015, faz 10 anos que você partiu, e como esquecer aquele
dia, como tirar da memória um fato tão doloroso e marcante, como abafar tamanha
dor e sofrimento.
Lembro
como se fosse hoje que em janeiro de 2005, não lembro exatamente a data, eu
morava em Sertanópolis Paraná, quando recebi um telefonema seu e você disse:
“Oi Tryssia tudo bem? Estou ligando para te desejar os parabéns”; eu comecei a
rir e te falei: Parabéns? RSSSSSS..., mas hoje não é o meu aniversário, ainda
falta mais de um mês, e você já está querendo me deixar mais velha, só porque
aniversariou em dezembro e é dois meses mais velha que eu já quer que eu faça
aniversário hoje? Do outro lado da linha, (ah detalhe naquele tempo eu não
tinha celular, nem lembro se você já tinha) você sorriu e disse: “Ah não
importa se é hoje ou não seu aniversário, mas já quero dar os parabéns”. Eu
disse: A não, que isso? Quero receber esses parabéns na data certa daqui pouco
mais de um mês. E você insistiu: “ Mas se eu não puder ligar no dia já fica
dado os parabéns...” Mudamos de assunto conversamos mais um pouco e você me
perguntou: “ Tryssia, quando você vai de férias desse Convento”? Eu disse: Fim
de janeiro já irei de férias. Você falou: “Vamos passar o carnaval na praia
comigo e uns amigos”? Eu disse: Não posso você sabe como são as coisas... Você
então falou: “Só você mesmo..., mas pense ainda há tempo”! Dai então te falei:
Vai tranquila para praia, aproveita bastante, eu vou de férias como deve ser,
mas vou tentar te encontrar, ainda que seja rapidinho; primeiro vou para
Ubiratã fico uns dias lá com minha mãe, depois penso em ir à Curitiba visitar
uns amigos, na volta penso em passar por Ponta Grossa ver meu pai e de lá
voltando para Ubiratã passo em Maringá dar um abraço em vocês... Assim foi
nossa conversa, nos despedimos e no final eu insisti, não esqueça do dia certo
do meu aniversário, você sorriu e nos despedimos.
O
mês de janeiro de 2015 chegou ao fim e fui para minhas férias em Ubiratã, como
havia dito, fiquei uns dias lá e no dia 07 de fevereiro em uma segunda de
carnaval, 20 dias antes do meu aniversário, tomei o ônibus para Curitiba
visitar meus amigos, na verdade minha mãe nem queria que eu fosse, mas fui... O
ônibus fazia uma parada rápida para deixar passageiros em Ponta Grossa, mas
como eu ia passar por lá somente na volta nem avisei meu pai que estava indo à
Curitiba, então na parada, olhei pela janela do ônibus e vi meu pai conversando
com o motorista, achei muito estranho e desci, ele me abraçou e disse: “Vou
ligar para sua mãe, ela quer falar com você!” Assustada perguntei: Aconteceu
alguma coisa? Meu pai me respondeu: “Não sei, é melhor falar com sua mãe”.
Foi
um momento rápido e ao mesmo tempo longo demais, meu pai me passou o telefone e
eu disse: Mãe o que aconteceu? Ela com a voz meio estranha falou: “Filha a Mary
sofreu um grave acidente e faleceu...” Eu desabei em um choro e sentia uma dor
horrível no peito e já não conseguia mais falar ao telefone... Meu pai pegou
minha mala no bagageiro e lá fui eu para casa dele...
Naquele
mesmo dia 07 de fevereiro tomei um ônibus para Maringá, foi uma viagem
angustiante, não tinha como não ir chorando pelo caminho... Cheguei de
madrugada na casa de sua mãe e tudo era um caos, tudo era horrível, aquele
apartamento era sombrio como nunca, era inexplicável o que tinha acontecido. A
madrugada até amanhecer foi longa e mesmo que era verão tudo parecia muito
frio, pois a dor de todos era grande...
No
dia seguinte logo pela manhã fomos aguardar sua chegada, mas que chegada
dolorosa, quanto sofrimento, só quem estava ali pode saber como foi... Não
podíamos mais te ver, não podíamos mais te tocar... Que horror, parecia um
pesadelo... E o dia passou rápido demais... já era hora de te deixar no Campo
Sagrado... Me recordo que comprei um pequeno e simples vaso de flor, e foi ele
que foi colocado junto com você, não lembro quem o colocou, mas acho que por
ser o menor vaso de flor em meio aos grandes vasos e coroas era o que dava para
colocar... Permaneci com sua família até a missa de 7 dia, na verdade fiquei
além das minhas férias e quando retornei além da dor que estava sentindo pela
sua partida, levei um bronca..., mas não me arrependo de ter permanecido ali
aqueles dias...
Dias
depois seria o meu aniversário e você parece ter profetizado que não estaria
para me ligar dando os parabéns, enfim chegou meu aniversário e como você
completou em dezembro 31 anos, eu também estava completando 31 anos, mas sem o
seu telefonema que foi antecipado praticamente um mês antes...
São
muitos detalhes que vão vindo à minha mente, mas paro por aqui e quero te dizer
amiga querida que você vive em minha mente e em meu coração, e hoje após 10
anos de sua partida lembro de tantas coisas lindas da nossa amizade, de tantas
partilhas profundas que fizemos, de tantos segredos contados...
Que maravilhoso
ter te conhecido, que maravilhoso ter tido a honra de ser sua amiga, que
maravilhoso saber que de onde você está pode nos ver e ser mais uma
intercessora junto a Deus.
Mary te peço que todas as vezes que ai encontrar
minha mãe, abrace ela por mim, pois ela gostava de você e agora vocês duas
estão na mesma dimensão.
Saudade
sempre...
Tryssia